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Fortaleza - Ceará – Brasil

Malformação de Chiari

O que é Malformação de Chiari?

Anomalias da junção craniocervical (ou “malformações occípito-cervicais”) comumente são agrupadas sob o termo de Malformação de Chiari, em alusão à Síndrome de Arnald-Chairi (que por sua vez tem esse nome por conta dos neuroanatomistas Hans Chiari e Julius Arnold). 

São condições clínicas que, de maneira simplista, decorrem devido deslocamento (herniação) caudal do conteúdo da fossa posterior (parte póstero-inferior do crânio), como tonsilas cerebelares e até mesmo do tronco encefálico. É muito prevalente na população do nordeste do Brasil, e na maioria das vezes não demanda maiores cuidados. 

Dor de cabeça é comum, e, em casos mais avançados, pode ocorrer rouquidão, disfagia (dificuldade de engolir) – manifestações decorrentes do envolvimento de nervos cranianos baixos – e alterações de força e de sensibilidade. Nestes casos pode ser indicado tratamento cirúrgico, a ser executado por um neurocirurgião experiente.

Quais os sintomas?

Não é nem um pouco raro que um exame de neuroimagem (como Ressonância Magnética) feito por uma queixa corriqueira, como dor de cabeça, vir laudado com “Malformação de Chiari”, ou algum outro achado correlato (como “herniação das tonsilas cerebelares”)  – o que certamente aumenta sobremaneira o temor e ansiedade do paciente.

 Malformações da transição crânio-cervical podem sim ser associadas a queixas inespecíficas – como cefaleia (dor de cabeça), cervicalgia (dor no pescoço), tontura, e muitos outros – porém sempre é necessário ter em vista outras causas dessas manifestações tão comuns. Mais específicas (e, portanto, atribuíveis a malformação) são aquelas relacionadas, por exemplo, aos chamados “nervos cranianos baixos”, que são comprimidos nessa condição, provocando alterações de deglutição e de fonia. Alteração na respiração (como na “Maldição de Ondina”), de sensibilidade (dissociação térmico-álgica), ou de força em ambos os braços também são importantes manifestações que podem inclusive denotar a indicação de neurocirurgia com brevidade.

De toda forma, é importante a avaliação por neurocirurgião frente a suspeita de Malformação de Chiari a fim de melhor caracterizar o quadro e sanar dúvidas que possam surgir com o achado imagiológico e, se indicado, estabelecer o tratamento específico que pode beneficiar o doente.

Quando deve ser operada?

Diferente de outros lugares do mundo, Malformação de Chiari é um achado muito frequente na população do nordeste brasileiro. Felizmente a maioria não tem grande repercussão clínica, i.e., não necessitarão de qualquer forma de intervenção neurocirúrgica. Reforçado isto, a pergunta é: quando se deve operar?

A decisão de operar uma malformação de Chiari depende de vários fatores, incluindo (principalmente!) a gravidade dos sintomas, o tipo e tamanho da malformação, a idade e saúde geral do paciente. 

Se os sintomas são graves, ou interferem significativamente na qualidade de vida do paciente, a cirurgia pode ser recomendada. O procedimento visa aliviar a pressão nas estruturas cerebrais da fossa posterior craniana (como cerebelo e tronco encefálico) e da medula, melhorando os sintomas. No entanto, nem todos os pacientes experimentam melhorias significativas, por já haver danos irreversíveis, ou talvez porque as manifestações tinham outros fatores causais. Além disso, sempre tenha em mente que não existe procedimento 100% isento de complicações.

O tipo e tamanho da malformação também são considerados na decisão de operar. Alguns tipos de malformações são mais graves e requerem cirurgia imediata, enquanto outros são menos graves e podem ser monitorados com cuidado.

A idade e saúde geral do paciente também são importantes a se considerar. Pacientes mais velhos ou com outras condições médicas complexas podem ser mais propensos a complicações durante ou após a cirurgia, e, portanto, deve ser ponderado com muito cuidado sobre o momento da indicação.

Cada caso é único e a decisão final deve ser feita em conjunto com o médico e familiares, levando em consideração todos os fatores relevantes. É importante lembrar que a cirurgia nem sempre garante uma melhora total dos sintomas e que algumas complicações podem ocorrer. Sempre procure profissionais com larga experiência no tipo de operação em questão. Conte conosco.